#47 Grandes marcas anunciam boicote ao Facebook
Coca-Cola, Verizon, Unilever e Ben & Jerry são algumas das marcas que cortaram investimento na rede para o mês de Julho como forma de protesto
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Em maio desse ano, no meio da pandemia e no auge das manifestações #BlackLivesMatter, o presidente Donald Trump postou no Facebook e no Twitter uma mensagem que acabou sinalizada como apologia ao ódio pelo próprio Twitter. Ao ser questionado se faria o mesmo, o Facebook disse que “não é o árbitro da verdade” e não tomou nenhuma atitude. Funcionários da própria rede começaram a protestar e foi o início de um boicote a rede de Mark Zuckemberg.
A liga Antidifamação, que reúne algumas organizações de direitos civis, começou a pedir para diversos anunciantes que parassem de veicular anúncios no Facebook devido a essa omissão na moderação de conteúdo de discurso de ódio e fake news. Foi criada então, junto com outras entidades civis, a campanha “Stop the Hate for Profit” (Pare de dar lucro ao ódio) que visa encorajar marcas a interromperem a compra de mídia no Facebook ao longo do mês de julho. Até o momento, anunciantes grandes como The North Face, Patagonia, Ben & Jerry’s, Coca-Cola, Unilever, Adidas, Verizon, Diageo e Honda já se juntaram ao movimento. E parece que o número irá crescer ainda mais.
A retirada dos anunciantes já causou o primeiro impacto. As ações do Facebook na sexta (dia 26 de junho) caíram 8%, representando cerca de 56 bilhões de dólares. E Mark Zuckemberg anunciou que irá classificar e informar conteúdos que violem suas regras mas que ainda são úteis para a rede, como é o caso das mensagens de Donald Trump. E anunciou nessa última terça que baniu uma rede de terroristas violentos da plataforma.
Vale reforçar que essa pressão de organizações ou grupos em cima de anunciantes é uma tática que vem ganhando força. No começo do mês, eu contei mais sobre o caso Sleeping Giants onde também é baseado em pedir para os anunciantes retirarem seus anúncios de um site específico. Contudo, há uma diferença entre bloquear um site de ter seus anúncios e bloquear toda uma plataforma como é o Facebook.
Para muitas empresas, tirar anúncios do Facebook é uma proposta difícil, porque é um veículo de marketing muito eficiente e possui muitos dados sobre os consumidores para ajudar a direcionar seus anúncios. A Unilever, por exemplo, disse que não vai retirar a publicidade do Facebook e do Twitter nos mercados fora dos EUA, porque o conteúdo divisor é atualmente mais pronunciado nos EUA.
Mas repare que a grande maioria das marcas que anunciaram boicote utilizam o Facebook mais como construção de marca, ou seja, não são e-commerces ou focam em venda direta. Para elas, as redes sociais são parte de um conjunto de pontos de contato entre consumidor e marca, sendo que a televisão é o principal meio. É bem grande a diferença investida em um canal popular de TV vs. Facebook.
Por outro lado, Facebook é um canal perfeito para os e-commerces, sendo ainda mais difícil esses retirarem anúncios da plataforma, pois é um dos canais que mais convertem em vendas (e por isso que o Facebook está se focando cada vez mais em facilitar transações via redes sociais, como os recentes Instagram Shopping e o Facebook Pay).
Ainda teremos mais novidades nesse assunto, mas parece que é só tirar dinheiro da plataforma que as ações começam a surgir.
NOVIDADE DA SEMANA
Facebook começa a testar o pagamento ao usuário pelos seus dados
Chamado de Study, o recurso remunera o usuário para que a rede possa monitorar e coletar os dados de uso do smartphone, excluindo senhas e outras informações sensíveis.
O Facebook promete que não usará os dados para fazer mídia para o usuário, apenas para coleta e análise. O recurso será liberado para Índia e Estados Unidos, não serão todos os usuários que serão aceitos e, por enquanto, será apenas para usuários Android.
Pagar pelos dados dos usuários é considerada uma das alternativas frente as leis de regulamentação e privacidade. Mas ainda carece de viabilidade financeira e também se não haverá abusos nessa coleta.
Vi no The Verge