#100 Edição comemorativa com dúvidas dos leitores
Respostas para cinco perguntas de diferentes contextos e áreas de atuação
#TBT dessa data especial é a edição #1 sobre o fim das curtidas no Instagram e postado no dia 25 de julho de 2019, há um pouco mais de dois anos. Muito obrigado para quem está aqui desde o começo e quem continua por aqui!
Conforme anunciei há duas semanas, essa edição será exclusivamente com dúvidas dos leitores para comemorar 2 anos de newsletter e edição #100. Recebi um número bacana de dúvidas tanto no formulário quanto em grupos que divulguei e separei 5 dúvidas e gentilmente alguns colegas de área responderam. Agradeço demais quem mandou dúvidas e aos meus colegas por terem aceitado responder.
(Adaptei algumas perguntas e respostas sem perder o entendimento e significado)
Pergunta #1
Quais dicas para quem trabalha com social media fora do eixo RJ-SP? Meus clientes não possuem verba nem entendem do assunto.
Resposta de: José Calazans, produtor de conteúdo guiado por dados e que atua no Pará.
Eu costumo trabalhar em duas frentes. A primeira é sobre o conhecimento: um mercado fora do eixo RJ-SP costuma ter pessoas que não dominam a nossa área, então desenvolvo um trabalho constante de cursos e palestras para treinar o mercado e assim poder criar as oportunidades que preciso para vender meu serviço. A segunda frente é de conteúdo sobre o meu próprio mercado. Todo empresário quer saber o que seu concorrente fez, o que as pessoas da sua região falam e como os políticos estão agindo nas mídias sociais. A partir disso, eu coleto dados sobre esse temas e elaboro infográficos e slides para que os empresários possam deixar um e-mail, baixar e consumir o conteúdo. Em seguida, entro em contato oferecendo o serviço.
Em mercados menores sempre será o seu papel desenvolvê-lo já que você é a ponta que domina o assunto e também é ótimo para criar autoridade para se destacar dos demais profissionais.
Pergunta #2
Qual a rede social mais promissora para investimentos em publicidade pensando em público B2B?
Resposta de: Renato Lazzarini, especialista em mídias sociais.
Não há muito como fugir do LinkedIn. A rede tem mais de 600 milhões de usuários ativos no mundo todo e mais de 40 milhões somente no Brasil. As pessoas que estão na rede, quando não estão buscando algum emprego, estão querendo conhecer algo sobre alguma empresa ou criando conteúdos profissionais. 80% dos profissionais B2B utilizam o LinkedIn como ferramenta de marketing.
E agora, com a opção de stories e também de lives liberadas para quase todos os usuários e empresas, a rede está se tornando cada vez mais procurada. Segundo um relatório da Hootsuite, um conteúdo patrocinado na rede pode aumentar em até 33% a chance de ser consumido pelo público alvo em comparação com outras redes. Por isso que fazer anúncios no LinkedIn costuma ser mais caro em comparação com Facebook ou Instagram, pois os leads conseguidos na plataforma é bastante qualificada.
Pergunta #3
Vocês acham que todos segmentos de empresas precisam se adaptar e usar o TikTok? Trabalho basicamente com clientes da área da saúde (médicos, dentistas, psicólogos…) e acho que o tipo de conteúdo feito no TikTok precisa ser bem trabalhado para não virarem “palhaços”, então que vale mais a pena planejar conteúdos em Reels, assim a gente reveza com conteúdos em formato carrossel, fotos, story… É isso mesmo?
Resposta de: Daniela Lima, diretora de conteúdo na BETC HAVAS
Precisamos pensar sempre em conteúdo e redes sociais como coisas complementares, podendo ser intrínsecos na estratégia ou não. Conteúdo é a narrativa e a rede social é o meio. Existe hoje dentro do Tik Tok os conteúdos dominantes com linguagem jovem e mais fun, mas existe também conteúdos mais sérios. O crescimento da plataforma vai fomentar cada vez mais estilos de conteúdos, porque vai trazer públicos com idades diversas e formas diversas de se comunicar. Ninguém precisa estar em lugar nenhum onde você não possa ser você mesmo. A gente alinha o tom quando está no trabalho vs. quando está com amigos, mas não deixa de ser quem a gente é. Entre no Tik Tok, mas não vista uma fantasia pra isso. Ser diferente pode ser justamente a forma de se destacar em uma rede onde todo mundo está dançando a mesma música.
Pergunta #4
Acabei de me formar em publicidade e não consegui estágio durante a pandemia. Tenho interesse em entrar na área de planejamento, mas não sei quais habilidades ou requisitos eu preciso ter. Quais dicas vocês dão para quem quer ingressar na área?
Resposta de: Agatha Kim, VP de estratégia na BETC Havas
É uma pergunta ampla e para cada um, poderia responder de diferentes maneiras, pois a jornada de uma pessoa de planejamento nem sempre é linear. Mas vou tentar responder da maneira mais aberta possível.
Eu sei que sou suspeita de dizer isso, mas a área de planejamento é uma das áreas mais legais por que não há requisitos necessários para iniciar nela. Eu diria que a característica básica é curiosidade, que vai permitir que a pessoa de planejamento vá criando repertório e aprenda a usar isso a serviço de cada desafio estratégico que aparece.
No caso de uma pessoa que já se formou, as dicas que eu daria seria (1) buscar maneiras de acumular conhecimento, (2) dar demonstrações da sua vontade de entrar na área e (3) ser cara de pau.
Na parte de agregar conhecimento, tem alguns cursos disponíveis como da Sandbox Escola de Estratégia que permite que você aprenda mais sobre a área e ainda se conecte com profissionais da área. Caso a questão financeira seja um impeditivo, o Grupo de Planejamento oferece bolsas que dá acessos aos cursos e eventos.
Sobre dar demonstrações da sua vontade, tem vários jeitos que variam de acordo com a coisa que te interessa mais. Se você gosta de escrever, cria um blog ou um Medium e escreva artigos sobre grandes cases de publicidade e o que você acha de incrível ou sobre tendências de comportamento e inovação. Se você não tem portfólio, comece a criar a partir de cases fictícios, se não com desafios de marcas, com questões sociais. Transforme uma ideia de algo que te interessa em um projeto, uma newsletter, um instagram, e por aí vai. Para quem está buscando talentos, é legal ver que a pessoa já tá buscando maneiras próprias de exercitar sua criatividade e pensamento crítico.
Sobre ser cara de pau, eu sugiro aproveitar esse momento em em que todos os eventos estão acontecendo online para participar de todos os eventos possíveis. Assim, você consegue conhecer os nomes mais relevantes da área, entender o que mais te interessou e escrever para eles por email ou no Linkedin na sequência falando sobre e chamando para uma conversa. Essa conversa pode não dar frutos na hora, mas a pessoa pode lembrar de você depois ou indicar para outro lugar.
Pergunta #5
Como eram aplicados na prática as técnicas de inferência estatística nas agências, tem exemplos? Essa relação com ciência de dados que tem se falado ultimamente era comum nos projetos em que você se envolveu? Parece que no dia a dia essas técnicas e ferramentas não são usadas, por mais que em cada live por aí falem direto sobre isso...
Resposta de: eu mesmo, Gabriel Ishida.
Acho que aqui temos que considerar o nível de maturidade em dados que cada organização está. E isso indifere de tamanho ou investimento em mídia, mas muito mais como utilizam os dados como elemento para o crescimento do negócio.
Sendo assim, modelagens estatísticas e outras abordagens da ciência de dados, algo que é tão falado ultimamente, são práticas em organizações mais maduras na abordagem de dados. E geralmente essas empresas, por valorizar os dados que possuem, acabam internalizando toda operação e tecnologia, ou seja, possuem times grandes e estruturados envolvendo analistas de negócio, cientistas de dados e engenheiros de dados. Assim, as agências e consultorias que lidam com clientes mais maduros acabam tendo contato marginal de todo o processo ou no momento de setup de plataformas e processos.
No resumo: acho raro uma empresa com grande maturidade em dados, a ponto de enxergar valor em modelagens e ciência de dados, terceirizar essas práticas para uma agência ou consultoria. Se terceirizam, bem provável que seja um serviço de estruturação ou capacitação que será, futuramente, internalizado. Por isso que trabalhando do lado de cá da mesa a gente tenha menos contato com esse universo mais maduro de dados do que trabalhando do lado de lá, na cadeira de uma organização mais avançada.
Aproveitar essa edição #100 para deixar aqui para abrir para sugestões. Deixe seu comentário sobre o que gostaria de ver mais nas próximas edições ou até no formato da newsletter. E muito obrigado novamente por estar comigo!