#8 O que aconteceu nos últimos dois anos no Youtube
O que vem acontecendo com o conteúdo e anúncios no Youtube e como isso impacta no mercado
Desde 2017, Youtube vem enfrentando uma série de problemas envolvendo conteúdo dos youtubers e, principalmente, sua mecânica de anúncios. Tudo começou com a crise envolvendo a exibição de anúncios em conteúdos de intolerância e de ódio, fazendo com que milhares de anunciantes retirassem seus investimentos. A partir disso, a rede começou a desmonetizar (ou seja, não ter anúncios) conteúdos que promoviam violência ou discriminação. Para isso, investiram ainda mais no algoritmo de reconhecimento de conteúdo nos vídeos, fechou o cerco até contra conteúdos com palavrões e tivemos o primeiro resultado semana passada: remoção de mais de 100 mil vídeos e 17 mil canais contendo discursos de ódio.
Em 2018, começou a surgir uma série de denúncias de youtubers envolvendo depressão e burnout na produção de conteúdo. E o principal alvo era o algoritmo do Youtube, que forçava os youtubers a postarem cada vez mais em detrimento da perda de relevância dentro da plataforma. As críticas penduram até hoje, mas foi a partir dessas denúncias que o Youtube buscou se aproximar dos criadores e criar iniciativas de relacionamento, além de políticas mais transparentes.
E por fim na semana passada, o Youtube recebeu uma multa de US$ 170 milhões de dólares da Federal Trade Comission (FTC), órgão regulador comercial dos EUA (a grosso modo, seria nosso CONAR), por exibir publicidade inadequada para o público infantil.
A multa veio porque o Youtube segmenta seus anúncios e direciona conteúdo de acordo com o perfil de comportamento do usuário. A rede infere sua idade, gênero, interesses e outros dados de acordo com o que você consome na internet. Isso torna arriscado que determinados conteúdos sejam mostrados para as crianças se a segmentação "falhar” pela forma como coleta os dados.
Após a divulgação da multa, o Youtube anunciou mudanças envolvendo conteúdo infantil: agora a segmentação não dependerá dos dados do usuário, e sim do conteúdo do vídeo. Ou seja, independente se é um adulto ou criança assistindo, quando o vídeo é classificado como conteúdo infantil, ele terá anúncios somente para esse público.
Essa classificação será determinada pelos algoritmos de inteligência artificial do Youtube, sendo que é a tecnologia já usada para detectar discursos de ódio e reconhecimento de direitos autorais. Vale frisar que o Youtube recomenda para os pais que as crianças utilizem o aplicativo Youtube Kids, onde há maior controle do conteúdo para seus filhos.
NOVIDADE DA SEMANA
Youtube começa a abreviar a contagem de inscritos dos canais
Em movimento parecido ao Instagram, o Youtube anunciou que irá abreviar o número público de inscritos de um canal a partir de 1.000 inscritos. Então, por exemplo, se seu canal possui 2.531.967 inscritos, ele irá abreviar para 2.5M de inscritos. Abaixo, como ficariam as abreviações:
O número exato continua disponível no Youtube Studio e no Youtube Analytics para o proprietário do canal. O objetivo da mudança é a oportunidade de diminuir o estresse e o mal estar de seus criadores perante a pressão para acumular novos assinantes:
“Nós esperamos que esta ação ajude criadores a focar em contar suas histórias e experimentar menos pressão pelos números”
Na API pública, as abreviações também valerão. Socialblade, ferramenta famosa pelas listas de maiores canais e acompanhamento das métricas dos principais youtubers do Brasil e do mundo, já demonstrou insatisfação com a mudança.
Vi no Brainstorm 9.