#2 O mundo da compra de bots e perfis fakes
Desde aumentar os seguidores de um perfil até subir trending topics no Twitter: como os robôs nas redes sociais vem atuando
Semana passada, uma empresa chinesa foi punida (em inglês) e os donos foram presos por manterem uma “fazenda de cliques” (veja a foto do lugar abaixo). Vendiam cliques para baixar aplicativos, fazerem reviews positivos ou até melhorarem o SEO de um site.
Quem trabalha com redes sociais há algum tempo, já sabe que esse mercado de bots e perfis fakes não é recente. Em 2014, estima-se que 15% dos reviews eram falsos nas redes sociais e plataformas de recomendação. A previsão é de que em 2020 dois a cada três reviews sejam falsos. Há diversos casos de empresas sendo multadas por comprarem reviews falsos para melhorarem seus posicionamentos em sites de recomendações ou lojas de aplicativos. No vídeo abaixo (em inglês), uma matéria do Wall Street Journal mostra como a própria Amazon possui um programa de reviewers e como funciona o mercado de compra de reviews.
Apesar do aperfeiçoamento constante dos algoritmos contra fraudes, as plataformas dificilmente conseguem barrar esses movimentos. Ano passado, um jornalista conseguiu transformar um restaurante falso no número 1 de Londres no TripAdvisor. Tudo baseado em recomendações falsas e técnicas do próprio TripAdvisor para atrair interesse dos usuários.
Mas não é só TripAdvisor e Amazon que sofrem com as fraudes. Facebook, Instagram e Twitter são as redes sociais mais atingidas por perfis fakes que são usadas para inflar o número de seguidores de um perfil, encher as publicações de comentários (positivos ou negativos) ou emplacar Trending Topics.
E esse assunto ganhou mais destaque recentemente. Em 2017, uma matéria da BBC Brasil ganhou repercussão nas redes sociais pela denúncia sobre o mercado de perfis falsos nas eleições presidenciais em 2014. A reportagem detalha o dia a dia e a rotina dos profissionais cuja função é estritamente abastecer centenas de perfis falsos criados para diversos fins.
De lá pra cá, vimos uma crescente discussão sobre bots, perfis fakes e disseminação de fake news nas redes sociais, principalmente no campo político. Porém, olhando especificamente para perfis pessoais, há diversas empresas que vendem bots e fakes para outros fins comerciais.
De acordo com o estudo da ferramenta HypeAuditor, no Brasil, compra de seguidores e compra de engajamento são os dois modelos de fraudes mais usados para inflar os números no Instagram. No mesmo estudo, aponta-se que apenas 37,5% dos influenciadores brasileiros cadastrados na ferramenta não possuem qualquer tipo de fraude em seus perfis.
Cada vez as redes sociais se tornam menos humanas e mais um emaranhado de robôs e conteúdos falsos que direcionam desde nossas escolhas até a opinião pública.
NOVIDADE DA SEMANA
HypeAuditor lança ferramenta de busca de influenciadores
HypeAuditor é uma das plataformas que mais gosto para analisar dados de influenciadores, pois analisa não só métricas próprias do perfil, mas também traz dados da audiência, algo essencial para atingir seu público-alvo por meio de influenciadores.
Até semana passada, a plataforma permitia apenas analisar perfis que você adicionava. Agora, eles lançaram sua ferramenta Discovery, que é a busca por influenciadores de acordo com palavras-chave em sua base de quase 7.2 milhões de perfis. Por exemplo, na imagem abaixo, busquei por Nutricionista e ele me mostrou três perfis que possuem o termo em seu username ou na descrição no Instagram. Para mostrar o restante (22 mil perfis encontrados no Instagram), tenho que assinar o Premium.
Com esse recurso, HypeAuditor agora briga com plataformas consolidadas como TapInfluencer, Indahash e Traackr nesse serviço de busca de influenciadores. Aqui no Brasil, Squid, Influency.me e Airfluencer são as que possuem recursos semelhantes. Contudo, a HypeAuditor está bem longe em termos de recursos e competitividade contra todas, principalmente porque sua busca ainda é baseada em palavra-chave, algo que é bem superficial. Terá que melhorar esse mecanismo de busca para começar a disputar de igual para igual.