#144 Como funcionam as fazendas de cliques
E como reduzir ou evitar esse tipo de fraude nos perfis sociais
AVISO: não teremos edições nas próximas duas semanas pois estarei de férias. Retornamos dia 30/06.
Em Maio, diversos portais noticiaram as “fazendas de clique”, que criaram um ciclo entre influenciadores digitais e um exército de pessoas buscando um complemento de renda (mas que acabou virando um mecanismo de exploração).
A prática não é recente. Há diversos relatos de serviços de compra de seguidores vindos do Sudeste Asiático/China nos últimos anos. A imagem abaixo foi até bastante compartilhada no início de 2017.
A diferença agora é que há serviços nacionais e que contam com a remuneração (extremamente baixa) para quem interagir com os perfis contratantes que pagam, em média, R$ 35 por 1.000 seguidores e R$ 5 por 1.000 curtidas em publicações. E quem contrata esses serviços está buscando “engajamento autêntico”, ou seja, de pessoas reais.
Remunerando, no máximo, R$ 0,01 por interação (a maioria das vezes é menos que isso), as pessoas acabam tendo que criar diversos perfis para aumentar a renda. E assim cria-se esse ciclo retroalimentado, onde plataformas como Dizu, Ganhar no Insta e Kzom são contratadas para gerarem seguidores e engajamento para influenciadores/marcas em troca de forçar a criação de perfis falsos por pessoas que precisam de grana. E essa remuneração vem abaixando cada vez mais, como mostra a simulação no vídeo abaixo:
(crédito do vídeo: Digilabour)
Como detectar essa fraude?
Considerando que, de acordo com um estudo da HypeAuditor, 56% dos influenciadores brasileiros são afetados por algum tipo de fraude (intencional ou não), é muito importante que haja uma avaliação de perfis em momentos de contratação para campanhas e #publis.
A forma mais eficiente é uma avaliação manual, ou seja, comparar o volume de seguidores com o volume de engajamento e dar uma lida nos comentários para ver a qualidade das interações. Essa análise humana é insubstituível, mesmo com ajuda de ferramentas como HypeAuditor, Traackr e Upfluence, que trazem dados e números sobre a composição de seguidores e interações nas publicações, mas que (ainda) não conseguem interpretar com precisão os comentários e curtidas.
Contudo, a avaliação manual exige tempo e dedicação, ou seja, não dá para aplicar em todos os perfis desejados. É aí que essas ferramentas acima ajudam a filtrar inicialmente todos os perfis e direcionar a análise. Além das três alternativas pagas, há algumas gratuitas (Influencer Marketing Hub e Followerwonk, por exemplo) que já trazem dados relevantes para separar perfis fraudulentos e perfis autênticos.
Sempre houve problemas de fraudes em influenciadores digitais, porém, temos que estar atualizados sobre as novas formas que surgem e como reduzir esses problemas. É difícil mensurar influência em sua forma mais subjetiva, mas com métricas e dados conseguimos identificar os falsos influenciadores.
NOVIDADE DA SEMANA
Cenp-Meios registra 19% de crescimento no primeiro trimestre de 2022
Os investimentos em mídia no mercado brasileiro alcançaram o volume de R$ 3,45 bilhões nos primeiros três meses de 2022, um aumento de 19% em comparação com o mesmo período em 2021. Os resultados seguiram uma tendência de crescimento já registrada no fechamento de 2021, sinalizando uma recuperação do mercado.
Todos os meios registraram crescimento em valores absolutos, exceto o meio Revista, que no primeiro trimestre de 2021 registrou R$ 13,2 milhões em compra de mídia e que em 2022 faturou R$ 10,4 milhões. Internet foi o meio que mais cresceu, faturando 951,2 milhões em 2022 (um crescimento de 41%).
Por outro lado, em termos de participação no bolo publicitário, a TV Aberta recuperou o patamar dos 50% (antes estava com 45,4% de participação) e a Internet caiu para 27,6% (antes estava com 33%).
Mais informações no site da Cenp-Meios e vi no Meio & Mensagem